Mais que uma música, a letra do "O Rappa" é um relato fiel a realidade de muitas periferias do Brasil.
As músicas da banda “O Rappa”, são sempre um reflexo de crônicas sociais que trazem em suas letras a celebração da família, amizade, cidadania. Percebemos em todas elas que as pessoas se identificam com os retratos cantados. E não foi diferente com a música “Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)”.
A letra, que é uma composição de Marcelo Yuka, ex-integrante da banda, tem a sua principal critica voltada para o conformismo, como citado no artigo publicado na Revista UEL por Antonio Escandiel de Souza e Ana Paula Gomes Coimbra “Percebe-se que o autor ou falante critica o comodismo da sociedade diante situação econômica, política e social do país” (trecho retirado da revista).
Segundo essa análise, percebemos que a letra nos remete a uma sociedade presa por uma “falsa paz”, onde sofrem com violências e desigualdade, mas não protestam e não lutam por seus direitos. Percebemos a referência passada pelo autor logo no início da música; “A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego! Pois paz sem voz, paz sem voz, Não é paz, é medo!”, nesse trecho, fica nítida a insatisfação por ter essa tal “paz”, que nesse contexto, é uma forma errada de se viver.
A música é um grande retrato social, em seu próprio clipe fica claro a ideia do autor de “Alienação” das pessoas residentes em um local periférico. O cenário é bastante comum em nosso país, e mostra a vida rotineira dos moradores das periferias, além de inserir a imagem de policiais, que representariam a segurança, mas que na cena seguinte abordam e prendem um jovem morador enquanto os demais moradores apenas observam a ação.
Esse fato representa as frases “As grades do condomínio são para trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você que tá nessa prisão”, que vem mais uma vez denunciando a falta de liberdade e de voz das pessoas que são dominadas pelo medo, aceitando todas as situações e continuando em seus conformismos.
Por fim, o autor também faz uma crítica ao vício das pessoas nas mídias que, segundo a sua intenção, também privam as pessoas de levantar a voz para lutar por seus ideais, pois são induzidos a não pensar e não criticar o sistema em que vivem. A letra termina com uma frase que conclui todo seu pensamento e ideia da música: “É pela paz que eu não quero seguir admitindo”.