Kátia Coelho, ABC no set de “Fuzarca no Paraíso” (1982 – ECA-USP)
Não é nenhum mistério que mulheres vem lutando cada dia mais para conquistar espaços no mercado de trabalho, o que talvez ainda não seja tão claro, é que apesar de estar sim surtindo muito efeito, ainda há muito mais luta pela frente, principalmente em cargos que já são super lotados, e em sua maioria, por homens, como no audiovisual.
Um estudo divulgado recentemente pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), que tem o objetivo de mapear o perfil do emprego no audiovisual entre os anos de 2007 e 2015, mostra que as mulheres ocupam 40% dos cargos no setor, e que em 2015 elas receberam em média 13% menos que os homens. Ainda segundo a Ancine, em 2016, 20,3% dos filmes lançados no país foram dirigidos por mulheres, porém metade dessas produções são documentários, o que aponta para uma presença feminina em filmes de menor orçamento. Ainda, dos dez filmes brasileiros mais vistos nesse mesmo ano, apenas dois contam com mulheres à frente da direção.
Podemos colocar na balança o que traz mais revolta para nós mulheres brasileiras, se é o fato de sermos 51,4% da população do Brasil e mesmo assim ocuparmos bem menos cargos, ou fato de termos salários reduzidos fazendo exatamente o mesmo serviço com a mesma carga horária de um homem ou até mais, levando em consideração que muitas de nós ainda tem filhos e serviços domésticos nos esperando em casa.
Fico extremamente feliz ao ver não apenas mulheres como protagonistas de filmes, séries ou documentários, mas também por ver que estamos ganhando cada vez mais espaço e notoriedade em todos os sentidos, mas, soltarei fogos no dia em que abrir um jornal e ver a notícia de que finalmente conseguimos ganhar o mesmo espaço por de traz das câmeras também, seja como cinegrafista, diretora, produtora ou roteirista. Ainda há muito que caminhar, os passos serão lentos ou largos a depender de quem os dá, mas esses passos serão dados por todas nós juntas.
