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jornalismo

O jogo segue, mas o machismo resiste

O fato de ser mulher tornam as oportunidades mais difíceis em diversas esferas sociais, ainda que o gênero feminino já tenha avançado bastante nos últimos anos na conquista de seu espaço. Em pleno século XXI a disparidade de gêneros permanece notável. A estrutura machista e patriarcal já estabelecida por muito tempo é hoje alvo de críticas, cada vez mais pautada como tema de discussões, fácil de ver o discurso de igualdade de gênero tomado por partidos políticos, matérias jornalísticas, artigos científicos e até mesmo em conversas no boteco. Portanto há setores mais conservadores que parecem resistir às tentativas de modificações estruturais. O ambiente esportivo, mais precisamente o futebol, é um deles.

 

Rayra Okumura (19), árdua torcedora, amante de futebol e estudante de jornalismo, se queixa de sofrer desse “abuso” de gênero diariamente. Todas as vezes que diz que pretende trabalhar com esporte recebe os mesmos tipos de ofensas, que parecem afrontar o seu sonho de ser jornalista esportiva e trabalhar em um universo, tradicionalmente tomado por machões, que se sentem incomodados com a presença feminina.

Em seu depoimento a estudante deixa sua revolta com essa e demais situações de abuso que ela e muitas mulheres sofrem todos os dias. "Desde muito pequena sempre gostei de assistir futebol, queria jogar bola na rua junto dos meninos, mas precisei ouvir que brincadeira certa para mim era a boneca e as panelinhas, para ser uma ótima dona de casa futuramente. Depois, comecei a acompanhar os jogos pela televisão e rádio, entendi as jogadas e escolhi meu time do coração. E mais uma vez precisei ouvir que futebol não era coisa para mulher. Cresci e decidi que minha carreira precisava ser nesse meio, futebol sempre esteve no meu coração e na minha alma, e novamente ouvi que ali não era o meu lugar. No fundo ninguém nunca teve ideia do peso que frases como "mulher não entende de futebol", "lugar de mulher é no fogão e não na arquibancada" afetam a vida das poucas mulheres que ainda insistem em trabalhar e “invadir” o ambiente futebolístico que os homens, pensam pertencer só a eles. Sempre tive que fingir que não é comigo, porque sinto que ali não é o meu lugar. E isso acontece todos os dias — no estádio, em casa, no trabalho ou na rua. Chega a ser cansativo, mas TODOS OS DIAS eu e muitas mulheres precisamos provar que temos condições de trabalhar com futebol ou em qualquer que seja a profissão, principalmente as dominadas por homens. Ser mulher no jornalismo esportivo e no mundo de hoje é heroísmo. E, gostem ou não, caras, a gente vai continuar. Não porque queremos ser melhores. Apenas porque queremos mostrar que MERECEMOS o mesmo respeito que vocês têm. Porque o nosso lugar é na arquibancada, em frente às câmeras, das televisões ou até pilotando o fogão, caso for de nossa escolha. Porque o nosso lugar é onde a gente quiser”, relata.

Segundo o portal Uol, apenas 13% das profissionais de televisão no meio são mulheres, ao mesmo tempo em que não se ouve narradora alguma ao assistir os jogos. Rayra se demonstra forte na luta para mudar essa estatística.

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